sexta-feira, 27 de maio de 2011

CANTINHO DA MÚSICA




CHORO, CHORINHO, CHORÃO

                                                    Parte 1


Portinari - "Chorinho"
Você sabia que a boa música brasileira é mais ouvida no Japão do que no Brasil e que lá é mais fácil você encontrar inúmeros CDs que sequer foram editados aqui? Ficou surpreso? Tem mais. Você sabia que no Japão o gênero musical mais estudado é o “Choro”, ritmo de criação tipicamente brasileira, puro e sem  influência da música estrangeira ?
Nada na música é mais genuinamente brasileiro que este gênero denominado “Choro”, atualmente tão desaparecido do cenário musical, exceto por alguns resistentes e insistentes músicos, alimentados por um público extremamente “refinado”.
A história do “Choro” é longa e, mesmo que só pretendamos oferecer aos nossos leitores um resumo do todo, há de ser dividida em mais de uma parte, sob pena de perda de conteúdo, vez que este resumo é resultado de pesquisa em várias obras e também no site www.sambabossa.com.br
 Tem-se que os primeiros conjuntos de “choro” apareceram por volta de 1880, na cidade do Rio de Janeiro, formado por pequeno grupo de músicos, pessoas simples, moradores dos subúrbios carioca e a composição instrumental dos grupos pioneiros era flauta, violão e cavaquinho. A flauta era a solista, o cavaquinho era o centro e o violão formava a “baixaria” e, por serem as flautas de ébano, essa formação também era chamada de “pau-e-corda” e ainda, por ter a música por eles tocada aquele tom choroso, dorido, surgiu o nome “Choro”.
O flautista Joaquim Antonio da Silva Calado foi o grande precursor e organizador desses primeiros conjuntos, além de ter deixado inúmeras composições, tais como “Flor Amarela”.  No ano de 1902, coube a Anacleto de Medeiros, comandando a Banda do Corpo de Bombeiros, fazer os primeiros registros fonográficos do repertório chorístico. Nesta época já estavam incorporados aos grupos outros instrumentos de sopro e de cordas, tais como o bandolim, o flautim e a clarineta e logo o acordeão juntou-se ao “choro”, não sem merecer a crítica de alguns tradicionalistas, que alegavam a procedência estrangeira do instrumento em um gênero tipicamente nacional, argumento rebatido, com maestria, por Mário de Andrade e Hermínio Bello de Carvalho, tendo este último escrito: “São os músicos que conferem nacionalidade a um instrumento através da forma como o executam. Existe coisa mais nacional do que o saxofone de Pixinguinha, o bandolim do Jacob, a flauta de Altamiro, o acordeão de Chiquinho, o violão de Baden, o piano de Radamés?”
O “Choro” foi um recurso utilizado pelo músico brasileiro para executar, ao seu modo, a música importada (polcas, tangos, valsas) consumida nos salões e bailes da alta sociedade e, sob a ótica musical dos “chorões”, a música importada logo perdeu suas características de origem, tornando-se impossível ser confundida com o gênero brasileiro que, além de Joaquim Calado, tem como precursores Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, Irineu Batina, Mário Cavaquinho, Sátiro Bilhar, Candido Trombone e o grande Pixinguinha.
Em 1919, Pixinguinha formou um grupo, intitulado “Oito Batutas”, para atuar na sala de espera do cinema Palais, tendo feito enorme sucesso entre a elite carioca, trazendo pela primeira vez um conjunto popular que executava música brasileira, utilizando instrumentos até então só conhecidos nos subúrbios carioca, ao seio da aristocracia brasileira.
Aí aconteceu a efetiva aceitação do “Choro” pela alta sociedade, mas isso é outra parte da história, que fica para a próxima edição.
                                                             Edmundo Machado

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