sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CANTINHO DA MÚSICA





A ÉPOCA DE OURO DA MÚSICA ROMÂNTICA
PARTE 2


No Brasil, já nos anos 50, o rádio ganhava uma força sem igual, vez que aperfeiçoado tecnologicamente para uso militar e que em tempo de paz se multiplicava por todos os cantos como meio de comunicação, levando a todos os pontos do país a música, agora massificada, além de perpetuar composições e compositores populares e românticos, totalmente distanciados das composições sinfônicas que tinham melodia rebuscada, de difícil entendimento pela grande massa de ouvintes e que eram executadas por grandes orquestras, dispendiosas e de manutenção elevada.

Reparem que neste período os grandes programas de rádio em  um auditório eram o point do momento, tendo lançado e tornada conhecida muita gente importante da música popular brasileira. Estes programas, devido a total impossibilidade de colocar no palco, bem como de manter financeiramente uma grande orquestra, passaram a utilizar como alternativa um pequeno grupo de músicos, sendo pelo menos um pianista, um violonista, um acordeonista e um baterista, o que deu um tom intimista e de aproximação com a platéia.  

Esta alternativa, esta disposição de músicos, fez surgir os famosos “quartetos”, bem como o não menos famosos “regionais”, importantíssimos para a história da música brasileira, não só pela mobilidade do grupo que podia se apresentar à tarde em um local e à noite em outro (fato impossível para uma grande orquestra clássica), como também pelos grandes nomes, músicos e compositores que integraram estes grupos.

Assim estava criado o grande espaço para difusão da música romântica. A platéia dos programas de auditório queria amor, queria saudade, queria o ilusório do amor perfeito ou a paixão do amor desfeito e as rádios podiam expandir tais desejos não só em seus auditórios, como também diariamente em sua programação costumeira.

Os anos 50 e 60 foram os anos de ouro da música romântica brasileira. Em nenhum outro tempo se falou tanto em amor, saudade, paixão e dor como neste período. Como exemplo, são dos anos 50 e 60 as canções “Linda Flor” (Ai ioiô/eu nasci prá sofrer...), “A Volta do Boêmio” (boemia/aqui me tens de regresso...), “Saia do Caminho” (junte tudo que é seu/seu amor, seus trapinhos...), “Ouça” (ouça/vá viver/a sua vida/com outro bem...), “Por Causa de Você” (ai, você está vendo só/do jeito que eu fiquei/ e que tudo ficou...), “Carinhoso” (meu coração/não sei porque/bate feliz...), “Ela Disse-me Assim” (ela disse-me assim/tenha pena de mim/vai embora...), e mil outras canções consagradas e que hoje são pérolas da música popular brasileira.

Estas e outras músicas do mesmo período foram as que motivaram e embalaram muita gente, hoje de cabelos brancos, bem como grupos românticos, posteriormente denominados “seresteiros”, que saiam pelas ruas da cidade para cantar ao pé da janela daquela linda jovem.

Mas “seresteiros” é uma outra história que fica para uma outra oportunidade.

                                            Edmundo Machado

Nenhum comentário:

Postar um comentário